Gabriel e Ricardo Antão
Nesta que é a nossa vigésima crónica, queremos começar por agradecer a todos os que nos têm acompanhado nesta bonita aventura, e também aproveitamos para anunciar que iremos interromper este trajeto que a Da Capo nos proporciona. Assim, parece-nos indicado que, num espaço onde convidamos à reflexão, podemos nós fazer um balanço daquele que foi o caminho percorrido.
Tal como referimos na nossa primeira crónica, acreditamos que a “música Clássica” tem um belo futuro pela frente, mas também que esse otimismo deve ser fruto da identificação, análise e resposta aos desafios que existem e que poderão surgir. Abordámos diversos temas, tanto diretamente relacionados com a prática musical como referentes a outros assuntos, mas que de alguma forma estão relacionados e podem influenciar uma carreira artística.
No campo da atividade musical, falámos da importância de escutar, dos dilemas inerentes à interpretação musical, da ansiedade em palco, da importância da saúde na performance (e de como a falta dela nos pode afetar a vários níveis), e dos desafios presentes nas transcrições para outros instrumentos. São várias temáticas com as quais lidamos diariamente (ou quase), e que se nos afiguram como meritórias de análise. Mas falámos também de outros intervenientes essenciais, sejam eles o público ou as instituições que formam músicos e educam públicos, passando pelos festivais que dinamizam o nosso tecido cultural. E, como não poderia faltar, abordámos também questões que nos parecem pertinentes para o ensino e aprendizagem, seja a particularidade cultural do nosso país, do contacto das crianças com a música e de formas de otimizar o tempo e o estudo. Houve ainda tempo para abordar algumas das oportunidades que a tecnologia nos tem dado, como a exploração de NFTs ou da gamificação; mas também alertámos para os desafios da desinformação e do multitasking.
Quando possível, sugerimos soluções e alternativas; quando tal não estava ao nosso alcance, tentámos criar pontes para o diálogo, mostrando diversos pontos de vista e possíveis pontos de reflexão. Porque acreditamos no debate de ideias, e que isso ajuda na evolução de qualquer músico. Ou pelo menos foi o que aconteceu connosco, nestes quase dois anos de reflexão e escrita.
E também por isso queremos terminar com um agradecimento muito especial a quem tornou esta aventura possível. À Sandra Bastos, que criou e impulsionou um projeto único no nosso país, e que tanto tem lutado por dar voz e palco à música e aos músicos, por teimar em continuar mesmo quando o trabalho possa parecer inglório e o reconhecimento não aparece, o nosso profundo obrigado. Pela oportunidade e pela amizade, e por tudo o que tem feito pela música em Portugal. E à Da Capo, por continuar a promover e a dinamizar a nossa cultura e os seus intervenientes.
E a todos vós aí desse lado, por terem feito este caminho connosco. Um enorme obrigado, e até já.