Opinião

Gestão da Ansiedade na Performance

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Gabriela Peixoto

  • Gabriela Peixoto

O meu sonho e a minha missão é poder ajudar todos os artistas da performance a viverem uma vida de equilíbrio e plenitude na sua performance e fazer a sua Arte com toda a conexão!


É fundamental que os músicos de alta competição trabalhem a parte mental, o seu mental game!


Ao longo do meu percurso enquanto performer passei por desafios ao nível da ansiedade, da pressão para atingir a perfeição e da necessidade constante de ser e fazer cada vez mais e de nunca estar satisfeita com os resultados.


Foi há cerca de três anos que bati o pé e pensei para mim mesma: “O caminho tem de ser menos doloroso! Quais são as soluções?” “De que forma podemos estar mais equilibrados e plenos na nossa performance?” Eu sempre quis fazer a minha arte de uma forma prazerosa e plena.


Fui, então, à busca de respostas às milhares de perguntas que eu tinha até que cheguei ao melhor coach para músicos do Mundo: o Dr. Don Greene!


Aprendi tudo com ele e agora sou uma sucessora do seu trabalho. Aconselho vivamente a darem uma vista de olhos ao seu legado e ao trabalho incrível que ele realiza e que agora eu tenho a sorte de poder utilizar e ensinar essas ferramentas!


A ansiedade na performance é o “pão nosso de cada dia”.
Eu acredito que a solução não passa por negar este sentimento e nos revoltarmos até por estarmos a senti-lo. Experimentem mudar a perspetiva, olhar de frente e dialogar com ela! Perguntem-lhe: “O que tens para me dizer? De que forma te posso ajudar? O que posso fazer para te tranquilizar?”


Dr. Don Greene chama a esta técnica: o diálogo com a nossa sombra. Engloba uma série de sessões onde podemos ter consciência do lado que ainda nos está a limitar, poder fazer as pazes com esse lado e cooperar de mãos dadas com ele. Interessante, não é?
Quando falo em ansiedade na performance não estou a falar de casos patológicos e clínicos como ansiedade crónica, ataques de pânico e tudo mais. Estou a falar daquela ansiedade que todos sentimos ou que já alguma vez sentimos no nosso percurso.


Agora eu pergunto-vos: como é o vosso diálogo interno? Vocês são os vossos maiores amigos e são encorajadores do vosso trabalho? Ou são autodestrutivos e estão-se a julgar constantemente?


O primeiro passo é começar a moldar o nosso diálogo interno e aquilo que acreditamos sobre nós, sobre o que conseguimos ou não atingir. Porque tudo é um pensamento e pensamentos podem ser alterados!
Sim, o nosso cérebro tem a capacidade de se moldar a novas ideias e formas de pensar, basta treinar! A ciência chama a isto, a neuroplasticidade.


O segundo passo para lidarmos com a ansiedade passa pela a aceitação do erro!
Aceitar o erro é aceitar que tudo é um processo, aceitar a nossa humanidade e aceitar que sem erro não existe evolução de maneira nenhuma.
É necessário errarmos. A ideia é durante a nossa prática com o instrumento irmos minimizando ao máximo o erro. Procurar soluções, sem julgamento, de uma forma construtiva, reflexiva e com autocompaixão, sempre!


O terceiro passo está relacionado com o estudo mental. Treinar a mente para a performance e usar o estudo mental na nossa prática diária. Os resultados são incríveis!
Lembro-me numa sessão de coaching individual que aplicamos o estudo mental. O coachee (quem recebe as sessões) ainda nem sequer estava aquecido e não tinha tocado nesse dia. Nós aplicamos o estudo mental com um excerto orquestral e o músico, no final, disse: acho que nunca toquei isto tão bem! Tudo estava controlado e soube exatamente aquilo que queria fazer!


O estudo mental consiste em passar na nossa tela mental a obra que estamos a tocar, imaginando mentalmente os movimentos, o som que queremos ouvir e tudo a acontecer exatamente da forma que queremos interpretar!
Podem encontrar o passo a passo para realizar o estudo mental no meu livro “A Jornada do Artista”.


Estes são os três pilares que acredito que ajudam a gerir melhor a ansiedade na performance e que se trabalharmos neste sentido teremos resultados muito melhores e estaremos mais satisfeitos, também.


Por último, gostaria de acrescentar que é possível, sim estarmos mais equilibrados e harmonizados na nossa vida de performers. Treino é a chave!


Podem conhecer mais do meu trabalho em: www.gabrielapeixoto.pt

 

 

Gabriela Peixoto

Gabriela Marques Peixoto obteve o título de Mestre em Performance do Violino, pela Royal Academy of Music, em Londres e Mestre em Ensino da Música, pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto.

Com 21 anos rumou aos Estados Unidos em busca de aperfeiçoamento artístico e musical e estudou cerca de dois meses na Meadowmunt School of Music, em Nova Iorque, com o professor Gerardo Ribeiro.

Terminou em 2020 o curso de Coaching Pessoal e Profissional na INCTA e um ano depois fez uma certificação em Performance Psychology com o Dr. Don Greene.

Em 2022 lançou o seu primeiro livro “A Jornada do Artista” que se encontra nos pontos de venda Fnac, Bertrand e Wook e que contou com um Spot Televisivo no canal Sic Mulher.

Atualmente é professora de violino no Conservatório de Música de Barcelos e músico convidado em diversas orquestras nomeadamente a Orquestra Sinfónica do Porto, Casa da Música; a Orquestra Clássica do Sul e a Atlantic Coast Orchestra. Integra, como músico efetivo, a “Arnema Orchestra” e a Orquestra con Spirito. Trabalha como Violino I do quarteto de cordas AdlibStrings.

Para além disto, desenvolve um trabalho como performance coach na sua empresa pessoal e em conjunto com o Dr. Don Greene.

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