Para quem acompanhou o primeiro artigo da Associação Portuguesa do Trombone, não será novidade que uma grande parte do nosso espólio musical físico até ao século XVIII tenha sido destruído na catástrofe de 1755. Tal facto só engrandece a bravura de quem se aventura na investigação musical, em especial no que toca a períodos tão distantes da nossa História.

No que toca à História do trombone - instrumento bíblico cujas formas atuais remontam já há meio milénio - esta aventura toma outras proporções, especialmente quando feita no meio português. Da já referida escassez de fontes perdidas durante o terramoto de 1755, surge uma quase estagnação da vida cultural a partir do início do século XX, e uma severa inércia do ensino musical durante o período do Estado Novo. Como reconstruir a História do Trombone no nosso país perante tais condições?

Felizmente somos um povo de coragem e, tal como nos cinco séculos atrás desafiámos mares nunca antes navegados, temos atualmente no Rui Pedro de Alves Oliveira - pioneiro na investigação do trombone em Portugal - que muito lutou para reconstruir aquilo a que podemos chamar de História do Trombone em Portugal.

Para quem ainda não conhece o trabalho deste trombonista e investigador, segue a dica. A sua investigação, na forma de tese de doutoramento, é um monumento ao Trombone em Portugal. O período investigado (pré-1850) é sem dúvida aquele em que a literatura é mais escassa, e sobre o qual ainda pouco sabíamos. É deveras surpreendente poder ler sobre a História do nosso instrumento no nosso país, um tema que até recentemente era uma página em branco com meros rabiscos.

O trabalho do Rui Pedro Oliveira demonstra que existem inúmeros tesouros por desvendar no fascinante mundo da iconografia e deixa-nos claro que ainda há muito por descobrir, apesar das infindáveis fontes a que recorreu. Não obstante o impressionante volume em informação que nos é oferecido, devemos salientar que numa investigação desta envergadura apenas é apresentada uma parte limitada do conhecimento obtido. Por outras palavras, o trabalho realizado pelo Rui Pedro Oliveira é muito mais abrangente, tal como podem ter verificado os participantes do Festival Online de Trombone (parceria Associação Portuguesa do Trombone / InMusic), na esclarecedora entrevista em duas partes com o Investigador.

Para aqueles que, como nós da Associação Portuguesa do Trombone, estão apaixonados pelo instrumento, a leitura é de caráter obrigatório. Esta epopeia pela História levada a cabo pelo Rui Pedro Oliveira permite-nos conhecer e confrontar o passado, para melhor entender o presente e, só assim, poder encarar o futuro.

E como a História se faz no presente, cabe a todos nós trombonistas fazer com que o futuro seja um motivo de ainda maior orgulho.

Tese de Doutoramento de Rui Pedro Oliveira