Sérgio Fernandes Pires

“temos cada vez mais músicos portugueses a vencerem concursos internacionais e a entrarem em grandes orquestras”

 — 

Sandra Bastos

Os portugueses continuam a surpreender nos concursos internacionais. Sérgio Fernandes Pires, clarinetista, ganhou o 1º Prémio, Categoria B, dos 16 aos 20 anos, no Concurso de Horice, na Republica Checa, que decorreu entre os dias 18 e 21 de Abril. Participaram cerca de 80 clarinetistas de todo o mundo, vide países como a Suíça, Itália, República Checa, França, Espanha… Mas as boas notícias não ficam por aqui. Na categoria C, até aos 15 anos, outro português, Pedro Minhava Reis, foi galardoado com o 3º Prémio.

 

“É bom saber que nada foi em vão. Este prémio faz parte do caminho que quero percorrer, penso que tenho apenas de continuar o que tenho feito até aqui, e dar um passo de cada vez. Não é algo que se faz numa semana, num mês. Para além disso, dá -me ainda mais motivação para continuar a estudar, dia após dia”, diz Sérgio Fernandes Pires, o primeiro português a ser premiado neste concurso. Um sinal de que os tempos estão a mudar: “temos cada vez mais músicos portugueses a estudar em grandes universidades, a vencer concursos internacionais, a entrarem em grandes orquestras”.

 

Unânime neste concurso foi o júri: ”Portugal tem uma excelente escola de clarinetes”. Sérgio acredita que há ainda “um longo caminho a percorrer, mas sim, cada vez vemos mais clarinetistas a conseguirem vingar”.

 

Porém, não existe nenhuma “fórmula mágica”. “Toda a gente sabe o que tem de fazer, mas muitas vezes fazem-no mal. Na minha opinião não importa estudarmos cinco ou seis horas por dia, se estamos com a cabeça noutro lugar. É preferível estudar menos, mas de maneira a que estejamos concentrados no que estamos a fazer”, aconselha.

 

 

“muita gente acaba por se perder”

 

Para Sérgio Fernandes Pires, Portugal é um “país de extremos”, até no ensino da música: “vemos alunos fantásticos, dedicados e que lutam pelo que querem, mas penso que muita gente acaba por se perder. Faltam apresentações regulares em público, falta uma visão mais clara sobre o que vai ser o futuro.

Temos uns dos melhores ensinos a nível europeu até ao 12º ano. Um ensino que nos permite ter bastantes horas para estudar durante o dia, estarmos acompanhados, todos os dias, por profissionais que nos sabem ajudar no que precisamos. Temos quase tudo, muitas vezes o que falta é saber aproveitar”.

 

 

Em Basileia está uma das melhores classes de clarinete da Europa

 

O futuro passa por estudar no estrangeiro, em Basileia, na Suíça. “O facto de ser um país que se encontra no centro da Europa, de ter excelentes orquestras, excelentes escolas, faz com que tudo acabe por passar por lá. Em Basileia está uma das melhores classes de clarinete da Europa e um professor conceituadíssimo, François Benda. Para além de ter nascido na Suíça, e estar familiarizado com a língua, com a cultura”, confessa.

 

No passado ficam momentos marcantes como o estágio na Orquestra de Câmara Portuguesa (OCPzero); a Orquestra Sub-21 Europeia em 2012; o concurso “Marco Fiorindo” em Itália, onde ganheu o 1ºPrémio. E a maior influência, Vítor Matos, o professor com quem estuda desde o 9º ano.

Artigos sugeridos